WDC 2010: os candidatos

Publicado: 24/08/2010 por Allan Wiese em Artigos, Formula1
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Luta pelo título

Quem chegará na frente?

As férias de verão da Fórmula 1 estão quase chegando ao fim. Com mais 7 etapas a serem disputadas na temporada, restam 5 pilotos com chances claras de título, separados por apenas 20 pontos: Mark Webber, Lewis Hamilton, Sebastian Vettel, Jenson Button e Fernando Alonso. 1 bi-campeão, 2 campeões e 2 postulantes ao primeiro caneco. Mas, além do título, o que cada um desses pilotos pode estar buscando?
Vejamos a opinião deste escriba.

Mark Webber

Mark Webber: a chance de ouro
Webber está, sem sombra de dúvidas, em sua melhor temporada. Tem em mãos uma chance que pode nunca mais voltar a ter, visto seu histórico de inconstância na categoria…
Conhecido em temporadas passadas como o leão de treino, por ir muito bem em treinos livres e classificatórios mas não conseguia reverter isso em resultados de corrida, é o piloto da temporada atual com o maior número de vitórias: 4.
Iniciou na Fórmula 1, como piloto titular, em 2002, pela Minardi e conseguiu estrear com um 5º lugar em casa. Foi para a Jaguar em 2003 e, tendo ficado em 10º lugar na temporada, foi considerado o piloto do ano pela Autosport. Foi para a Williams em 2005 onde conseguiu seu primeiro pódium, em Mônaco. E, finalmente, chegou à Red Bull em 2007 para lá ficar até, pelo menos, o final de 2011.
Webber sempre foi um piloto mediano. Conseguiu sua primeira vitória apenas no ano passado, 7 anos depois da estréia, quando finalmente estava em um carro competitivo. Muitas vezes chegou a ser “sujo” em manobras de defesa de posição e o que se viu em Melbourne esse ano, quando bateu atrás de Lewis Hamilton ao tentar passar esse e Alonso ao mesmo tempo, foi o que sempre se esteve acostumado a ver de Webber: inconstância e diversos erros.

Mark Webber

Mas 2010 começou a tomar contornos diferentes para Mark. Seu companheiro de equipe, aposta da grande maioria para título devido à dominância do RB6, vem sentindo a pressão de ter condições claras de ser campeão e erra muito. Principalmente para quem tem um carro daquele e os objetivos que tem. A partir de Barcelona começou-se a ver um Webber extremamente constante e rápido e até aqui ela já soma o dobro de triunfos do que seus adversários mais próximos.
Por essas razões essa pode ser a maior chance que Webber já teve de conquistar o título. Ano passado Jenson Button não desperdiçou a chance. Esse ano, apesar de a disputa estar muito mais equilibrada, Webber deve procurar fazer o mesmo. Seu carro permite isso. Seu companheiro de equipe está desestabilizado, mas tende a evoluir e, quando isso acontecer, Webber provavelmente não conseguirá acompanhá-lo.
Que Webber não deixe essa chance passar.

Lewis Hamilton

Lewis Hamilton: a busca da consagração
Lewis Hamilton foi o que podemos chamar de uma ascensão meteórica. Como muito bem tratado pela Mari aqui, Hamilton fez por merecer o lugar que recebeu na McLaren em 2007 e o defendeu com maestria contra o então recém-chegado bi-campeão Fernando Alonso.
Seu início de temporada foi incrível: nove pódiums em nove provas. A natural desestabilidade de um estreante só surgiu nas duas últimas provas e tirou dele o que poderia ser o único piloto a ser campeão no primeiro ano de sua carreira.
Segunda temporada e o título mais emocionante da categoria, segundo muitos. Terceira temporada e a necessidade de provar que pode liderar uma equipe e levá-la novamente às vitórias.
E nessa temporada Hamilton tem se mostrado um piloto cada vez mais maduro. Um início de temporada com provas de recuperação autoritárias. Ultrapassagens sobre qualquer piloto. Algumas manobras polêmicas (sempre presentes em sua curta carreira). Acumulou em 2010 mais abandonos por quebra do que 2007, 2008 e 2009 somados e, mesmo assim, ocupa a segunda colocação da tabela, mostrando a sua constância. Do meio da temporada pra cá tem tudo muitos desafios, já que seu carro perdeu terreno em relação aos principais concorrentes. Mas, mesmo assim, tem conseguido classificar em boas posições e fazer boas largadas, pra capitalizar o máximo de pontos possíveis.

Lewis Hamilton

Hamilton é o tipo de piloto que desperta amor ou ódio de maneiras inversamente proporcionais. É fácil amá-lo porque ele está sempre em busca de mais e dá muitos shows. É fácil odiá-lo porque, muitas vezes, parece arrogante e prepotente.
Mas se for campeão, vai ser encarado com ainda mais respeito pelos seus adversários de pista e pessoas do meio. Se esse título vier, será em um ano em que, a não ser que a McLaren dê uma grande virada, na maioria absoluta das provas não teve o melhor carro.
Se Hamilton for bi-campeão, estará se consagrando como um dos grandes.

Sebastian Vettel

Sebastian Vettel: em busca de afirmação
Sebastian Vettel é a maior promessa dos últimos tempos na Fórmula 1. Responsável pelas primeiras vitórias de duas equipes diferentes, sendo que ganhou primeiro com a equipe satélite – Scuderia Toro Rosso – pra depois ganhar com a equipe principal – Red Bull Racing. Muito do que se fala a respeito de Vettel se deve à sua primeira vitória, o que garante a ele a marca de piloto mais jovem a ganhar na categoria. Monza debaixo de chuva, com um carro fraco como o que corria em 2008, não é pra qualquer um. E depois disso, Interlagos 2008, ultrapassar Hamilton, o então campeão – com aquela combinação de resultados – para deixar temporariamente o título nas mãos de Massa, também debaixo de chuva, vieram confirmar que o jovem alemão anda bem no molhado. Veio 2009 e junto, uma vaga na equipe principal e a chance de guiar um carro extremamente eficiente. Sem a pressão por resultados, já que a Red Bull entrou no campeonato propriamente dito muito tarde, Vettel correu muito bem e ajuntou fãs aqui e ali. Muitas alemãs deixaram de torcer por Schumacher para torcer por ele. Terminou o ano como vice-campeão e todos diziam que ninguém no grid seria capaz de segurá-lo nessa temporada, já que o RB6 deveria vir muito forte. O RB6, de fato, veio muito forte. Mas teve alguém, sim, que pode segurar Vettel no grid: ele mesmo.

Sebastian Vettel

Vettel tem perdido para si esse ano. Sentindo-se extremamente pressionado por um companheiro de equipe que está acima da média que sempre demonstrou e também, inderetamente – ou diretamente, não podemos saber – pela equipe que aposta todas as suas fichas em si, Vettel tem se perdido nos momentos cruciais da temporada: corridas. Classifica como poucos. Em 11 poles conquistadas pela Red Bull esse ano, 7 foram suas. Mas na hora do “vamo vê”, se embanana todo. Não foi uma nem duas vezes que perdeu provas na largada nessa temporada. Comete erros primários, como por exemplo a distância excessiva para o safety car na última prova. Não consegue, em várias ocasiões, ultrapassar carros mais lentos do que ele. Tudo isso mostra o quanto ele ainda não é capaz de lidar com a pressão que vem recebendo.
Mas todos sabem que é um piloto diferenciado. Tem características que podem colocá-lo em patamares mais altos do que onde se encontra hoje. E a busca de Vettel nessa temporada é justamente essa: afirmar que é capaz de fazer acontecer o que tanto ele prometeu ser em seu início de carreira.

Jenson Button

Jenson Button: não foi pura sorte
Jenson Button iniciou como titular na Fórmula 1 em 2000, pela equipe Williams, conseguindo alguns bons resultados mas muitos resultados ruins que o fizeram deixar a equipe ao fim daquela temporada. Em 2001, pela Benetton, resultados ruins com um carro ruim e em 2002, estreando com Trulli os cockpits da Renault na Fórmula 1, terminou em 7º. De 2003 a 2005, pela BAR, chegou a ficar em 3º ao fim da temporada de 2004. De 2006 a 2008, correndo na Honda, obteve sua primeira vitória, ainda em 2006, para depois começar a sofrer com o fraco rendimento da equipe até a sua saída da F1 em 2008. Mas, com o surgimento da Brawn em 2009, tirou o máximo do carro no início da temporada e usou de sua principal característica em todos os anos de F1: regularidade. Com a gordura acumulada nas provas do início do ano, foi capaz de administrar a vantagem e ser campeão com uma prova de antecipação.

Jenson Button

O que Jenson Button busca em 2010 é mostrar que ele é um piloto capaz de ser campeão em situações não tão favoráveis. Jenson quer mostrar que não foi campeão apenas por ter o melhor carro do campeonato. Competência para ganhar com o melhor carro ele já mostrou ter e também nesse ano já provou o seu valor, com vitórias estrategicamente muito fortes e desempenhos impressionantes pois, mesmo quase apagados, geram ótimos resultados. Mas ainda assim, pelo fato de estar atrás de Lewis, mesmo que por uma vantagem de apenas 10 pontos, Jenson quer provar que tem o seu valor. Quer provar que pode ser campeão em um carro que não é o mais rápido. Jenson Button quer provar que seu título de 2009 não foi apenas sorte.

Fernando Alonso

Fernando Alonso: os fins justificam os meios
Fernando Alonso, depois de uma carreira irretocável no Kart, chegou à F1 em 2001, pela Minardi. Em 2002 foi piloto de testes da Renault e em 2003 estreou em um dos cockpits da equipe, como titular. Nesse ano se tornou o piloto mais jovem a marcar uma pole position e a ganhar um Grande Prêmio de Fórmula 1 – marcas já batidas por Vettel. Somando essa experiência, o aprendizado de 2004 e um ótimo carro em 2005 e 2006, Alonso se tornou bi-campeão (2005 deu a ele o posto de piloto mais jovem a ser campeão – marca já batida por Hamilton).
E, de acordo como foi se tornando um piloto mais respeitado, seu estilo impositor de condições foi crescendo na mesma proporção. Truli, apesar de alguns bons resultados, não teve chances contra ele em sua equipe e, quando saiu da Renault para ir à McLaren em 2007, tentou fazer o mesmo. Esbarrou em Ron Dennis e se viu obrigado a “voltar pra casa”. Mesmo na fraca Renault de 2008 e 2009, além de conseguir alguns resultados expressivos, mostrou que continuava o mesmo, não dando chances a seus companheiros de equipe terem condições iguais de equipamento.

Fernando Alonso

E parece ser exatamente a mesma coisa que Alonso vem fazendo na Ferrari. Igualdade de equipamento ele e Massa tem, mas por ter tido rendimentos melhores do que Felipe, Alonso impõe a sua posição e primeiro piloto. E como a história da Ferrari mostra que eles trabalham dessa forma, seus estilos se encaixaram completamente.
Em meio a tudo isso a última preocupação de Fernando são as consequências que isso gera em termos de mídia. Alonso é o tipo de piloto que usa todo o seu talento – tem de sobra e não há como negar – somado à fatores de bastidores para conseguir o que quer: aumentar cada vez mais o número de títulos mundiais. Sua sede por conquistas é tão grande que ele é disposto a passar por cima de tudo e de todos. Alonso quer provar de uma vez por todas, se for campeão em 2010, que para ele os fins justificam os meios.

Esses são os 5 candidatos. Quem é o mais forte? Quem vai conseguir alcançar o seu objetivo para 2010?

comentários
  1. Eduardo De Campos disse:

    Confesso que não ia muito com a cara do “Miltim”, como carinhosamente o chama a Mari.
    Mas, depois que o vi num vídeo do Top Gear, prestes a pilotar a McLaren que foi do Senna, virei seu fã.Claramente se vê o tesão em guiar um F1.Ainda mais de um ídolo.
    Torço por ele.Ou que o Canguru Perneta tenha sua chance.
    Já o o TrapaceirAlonso, quero que se estrepe.

    • Mari Espada disse:

      É fantástico esse vídeo, não?
      O meu Miltinho parece uma criança com brinquedo novo, quando vê aquele MP4/4.

      Aliás, não sei porque muitas pessoas não vão com a cara dele e, como disse o Allan no texto, o acham arrogante e prepotente… eu sempre o achei um piloto incrível e um cara legal… sempre consegui ver o olhar simpático por trás daquele sangue todo em seus olhos! Hehehe. =)

  2. Marco disse:

    Allan , grande e simpático erudito catarinense .

    Não só acredito na ” fortaleza ” do M. Webber , como torço para ele também .
    Webber foi , e está sendo um ” herói ” , pois correu até mesmo contra a sua própria equipe , e mesmo assim , é lider inconteste do campeonato .

    Além de tudo Webber tem o dobro de vitórias dos demais ganhadores de corridas deste ano ( como você bem falou ) : 4 contra duas do Hamilton , Alonso e , principalmente do seu privilegiado companheiro de equipe Sebastian Vettel .

    Portanto , por esses e por outros motivos vejo em Mark Webber ” o mais forte ” ( mesmo sem um bom currículo ) entre os cinco pilotos para ” alcançar o seu objetivo para 2010 ” que é efetivamente o grande título da mais importante categoria do automobilismo .

    Grande abraço Allan .

    • Allan Wiese disse:

      Obrigado Marco.

      Webber está sendo um herói mesmo. E o típico herói das histórias. Contra tudo e contra todos.
      Como disseram os outros aqui em baixo: se o título não ficar com o Hamilton, minha torcida é pelo Webber. Button também está de bom tamanho. Vettel não merece por jogar tantas poles no lixo. E Alonso não merece por fazer as coisas do jeito que faz.

  3. Vitor, o de Recife disse:

    Mais uma ótima análise, Allan. O campeonato, que tinha tudo para se restringir à uma batalha doméstica, está muito bom e todos os candidatos tem boas chances, até o último, Alonso.

    Minha torcida fica para o Hamilton; caso não seja inglês, que a taça fique com o batalhador Webber, que depois daria uma banana para a equipe e ia curtir uma rede e uns vinhos na Austrália… (a rede é licença poética, HAHAHAHAHA!!!).

  4. Alex-Ctba disse:

    Sinceramente, não sei…q vença o melhor com uma leve preferência para o aussie.

  5. Mari Espada disse:

    Excelente análise Allan! Parabéns!
    Meu coração é do Miltinho, não tem jeito! Mas eu tô com o Vitor, se a taça não for pra ele, que vá pro Canguru perneta, que está mostrando que tem culhões neste ano!

  6. Andy disse:

    Qualquer um desses que ganhar, tá bom, menos o Alonso. Esse, por mim, não ganharia nenhum mundial mais. Ordem de preferência:

    Button
    Hamilton
    Webber
    Vettel

    E se Hamilton ganhar arranhando o capacete do Nada Sei, melhor ainda!

    • Andy disse:

      Posso ficar com minha utopia ingênuo-idiota, mas creio que precisamos de pessoas que resgatem a ética acima de tudo. Button e Raikkonen já provaram que é possível ser campeão sem ser sujo com seus companheiros. Alonso representa o mau-caratismo (apesar de ser excelente piloto, o que o complica ainda mais pois, sendo bom, pra quê usar de maracutaia?), bem aprendido com seu mentor Briatore. Que o dinheiro podre do Santander sirva para enriquecer mais o Kimi e ser gasto em pneus até o Massa souber aquecê-los, amém.

      P.S.: Desculpa aí o post passional, mas não consegui me conter mais.

      • Allan Wiese disse:

        Infelizmente Andy é isso mesmo. O espírito do Business se incorpora cada vez mais à todos os esportes e a paixão e o talento acabam sendo deixados de lado…

  7. Allan Wiese disse:

    Obrigado Vitor e Mari.
    Como falei pro Marco lá em cima: se não ficar com o Hamilton torço pro Webber.
    E Vitor: que bom que o campeonato não se restringiu à uma batalha doméstica. Seria decepcionante. O equilíbrio possível antes do início da temporada está se realizando. E digo de novo: pena que vai acabar naquela maravilhosa pista de Abu Dhabi…

  8. Vitor, o de Recife disse:

    “que bom que o campeonato não se restringiu à uma batalha doméstica”.

    Bom mesmo, mas se a equipe contasse com um comando melhor e pilotos mais eficientes, poderiam ter feito ao menos o que fez Button e a Brawn ano passado ou Alonso em seus títulos com a Renault: aproveitado a fase sem concorrência no início do campeonato e seguir marcando pontos quando o jogo endurecesse. Agora vão ter que suar mais.

    “E digo de novo: pena que vai acabar naquela maravilhosa pista de Abu Dhabi…”

    Uma vegonha. O campeonato deveria terminar em uma pista tradicional, Interlagos, Suzuka, Melbourne, qualquer lugar, menos uma porcaria Tilkeana. Mas é a F1 do Bernie…

    • Mari Espada disse:

      Se começou mal (no Bahrein) vai terminar mal (em Abu Dhabi)… é o destino dessa temporada! E acho que não há um único fã de F1 no mundo que aprove essa situação!

      • Vitor, o de Recife disse:

        Pois é… e pegaram logo duas das piores pistas do Tilke. China, Malásia e, principalmente, Turquia ainda conseguem promover corridas mais movimentadas, mas Bahrein e Abu Dhabi são terríveis.

        E ter um título decidido no sábado é de lascar…

    • Allan Wiese disse:

      Uma vegonha. O campeonato deveria terminar em uma pista tradicional, Interlagos, Suzuka, Melbourne, qualquer lugar, menos uma porcaria Tilkeana. Mas é a F1 do Bernie…

      Fazer o que né?

      E ter um título decidido no sábado é de lascar…

      Fazer o que né?

      O jeito é continuar assistindo, já que sem isso a gente não consegue ficar…

  9. […] Vou resgatar o pequeno histórico de Mark na categoria que eu já tinha escrito antes do retorno da Silly Season: […]

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